A POLUIÇÃO DA ÁGUA DAS GRUTAS O meio subterrâneo não está isolado da superfície terrestre. Devido à existência de uma numerosa rede de fissuras nas rochas à superfície e no subsolo das zonas calcárias, a água da chuva infiltram-se com extrema facilidade, formando rios subterrâneos. A água desses rios circula muitas vezes em autênticas condutas naturais, podendo posteriormente voltar à superfície formando-se nascentes. Essa água que se infiltra, poderá arrastar os mais variados tipos de poluição, nomeadamente de origem urbana (proveniente de lixos e esgotos), industrial (produtos químicos libertados nos esgotos de fábricas), e agro-pecuária (fertilizantes, pesticidas e dejectos provenientes de explorações pecuárias). Alguns rios subterrâneos são aproveitados para abastecimento público, através de captações de água em nascentes ou em poços e furos profundos. Esta água subterrânea não sofre qualquer processo de filtração ou purificação, durante o seu percurso subterrâneo, podendo constituir um agente transmissor de bactérias e vírus causadores de doenças, mas também de produtos químicos extremamente tóxicos. A poluição é um caso real nas regiões calcárias portuguesas e toma aspectos preocupantes, principalmente quando as águas são captadas para abastecimento público ou quando destroem o ambiente das grutas. A SENSIBILIDADE DAS GRUTAS As grutas constituem um meio que pode ser extremamente frágil. A sua sensibilidade reflecte-se em vários aspectos: A Vida Subterrânea O ambiente subterrâneo abriga animais sensíveis que estão especialmente adaptadas às suas condições e que muitas vezes passam despercebidos por serem muito pequenos. Alguns são únicos e exclusivos deste meio, sendo testemunhos de espécies actualmente desaparecidas da superfície terrestre; outros passam uma parte da sua existência no interior de grutas e dependem delas, nomeadamente para refúgio, hibernação e reprodução, como é o caso dos morcegos. Uma frequentação excessiva poderá perturbar estes animais ao ponto de provocar a sua completa desaparição dessa gruta. Os Vestígios Arqueológicos e Paleontológicos Numerosas cavidades serviram de refúgio, de local de sepultura ou de culto aos nossos ancestrais Pré-históricos ou de períodos mais recentes, tendo abrigado também alguns animais actualmente desaparecidos. São muito conhecidas internacionalmente as grutas francesas de Lascaux e de Niaux e as grutas espanholas de Altamira, pelas suas belas pinturas rupestres e outros vestígios da passagem humana muito importantes. Verificou-se também a sua grande sensibilidade à frequentação humana. Mesmo as grutas menos espectaculares podem apresentar um espólio arqueológico ou paleontológico que interessa preservar. As Concreções Um dos aspectos mais espectaculares das grutas são as suas concreções (nomeadamente as estalagmites e estalactites), que podem assumir as mais variadas e belas formas ou variações de cor. Estas, são o resultado de uma das etapas do lento processo de formação das grutas, que pode levar muitos milhares de anos. Certas grutas apresentam-se muito concrecionadas, e pela sua natural fragilidade, podem ser inadvertidamente danificadas ou alteradas devido à frequentação pelo Homem. São muitas vezes as concreções as primeiras vítimas das alterações introduzidas pela passagem humana. As alterações do clima da gruta (nomeadamente da sua temperatura, humidade e concentração de dióxido de carbono do ar e das águas), provocadas pela frequentação humana, poderão também originar a deterioração das concreções. A PROTECÇÃO DAS GRUTAS O espeleólogo, está em estreito contacto com o mundo subterrâneo, e tem um conhecimento directo das agressões de que este sofre, por isso, deverá exercer um papel muito importante na sua protecção. Esta passará pelo esclarecimento das populações quanto aos perigos da poluição, de modo a que seja reduzida ou eliminada, assim como, pela divulgação de normas básicas de comportamento do visitante de uma gruta, evitando assim, danos irreparáveis na mesma. Aquele, a quem surge a curiosidade de saber o que é uma gruta não deve fazer explorações sozinho ou com amigos na mesma situação. Deve dirigir-se a uma associação de Espeleologia e não a grupos com interesses dispersos por várias actividades. Só ela lhe poderá dar os conhecimentos técnicos adequados à exploração de uma gruta, advertindo-o ao mesmo tempo das precauções que se deve ter para evitar danificá-la. O espeleólogo deverá seguir um determinado número de regras de actuação que deverão contribuir para que fique o menor vestígio possível da sua passagem, evitando assim, ser um agente destruidor do mundo subterrâneo. | |