O Algar das Gralhas VII no cabeço da Chainça, em Pé da Pedreira

O nome deste algar resulta do facto de serem conhecidas cerca de uma vintena de cavidades no extenso campo de lapiás do cabeço da Chainça. Este algar, o sétimo a ser descoberto, ficou por isso com a designação atribuída ao algar identificado pelos habitantes locais (das gralhas) seguida do número de ordem da sua descoberta. Data de 1960 o primeiro registo de incursões da SPE nesta área e, após sondagem deste profundo algar, a SPE decidiu construir um guincho mecânico para descida e subida dos espeleólogos, que foi utilizado um ano depois, com sucesso mas também com muitas peripécias, perpetuadas pelas histórias passadas de geração em geração e parcialmente descritas no artigo publicado pelo Artur e o Jaime no boletim da SPE.
O Algar das Gralhas 7 no cabeco da Chainca
Pedro Fonseca iluminando lago com cristais na Sala da Diaclase (foto JACrispim/SPE, 1985)

O primeiro poço tem cerca de 70 metros mas a descida é em geral fraccionada em 3 troços com cerca de 30 m, o primeiro, e 20 m, os dois seguintes, aproveitando duas pequenas plataformas existentes.
O último segmento do poço desemboca no tecto de uma sala situada na intersecção de galerias. A partir deste ponto a gruta é composta por galerias muito concrecionadas onde também é visível o conjunto de sedimentos silto-argilosos da fase freática. Em vários locais os sedimentos foram absorvidos para profundidade dando origem a salas e poços.

A grande importância desta gruta advém do facto de serem poucos os algares da região que atingem galerias. Infelizmente, alguns descobertos nas muitas pedreiras que cercam e sitiam o cabeço da Chainça são completamente entulhados após a descoberta.

Nos anos 80 do século passado a SPE participou, a pedido da comissão instaladora do PNSAC, na delimitação de uma área de protecção ao cabeço da Chainça, que se mantém no plano de ordenamento desta área protegida, apesar da cobiça e reiteradas tentativas de intrusão movidas por interesses económicos mais imediatos e poderosos, embora protagonistas de um desenvolvimento (?) pouco sustentável. Os espeleólogos devem considerar-se os principais responsáveis pela manutenção e valorização desta área de protecção.

Acampamento SPE/NAE no cabeço da ChainçaNa década de 70 vários algares das gralhas foram sendo explorados. Acampamento SPE/NAE no cabeço da Chainça para exploração do Algar das Gralhas VII e Gralhas I. (Foto JACrispim/SPE, 1976)

J.A.Crispim, Maio 2012

Como citar este artigo: Crispim, J.A., O Algar das Gralhas VII no cabeço da Chainça, em Pé da Pedreira, in https://www.spe.pt/espeleologia/prospeccao-e-cadastro-espeleologia/332-o-algar-das-gralhas-vii-no-cabeco-da-chainca-em-pe-da-pedreira, Maio 2012